16 de junho para ELA

A odisséia vivida no dia 16 de junho de 1904 por Leopold Bloom, o Ulisses de James Joyce, não traduz a superação na luta pela sobrevivência do Ulisses da Odisséia de Homero. Mesmo assim, uma obra foi essencial para a outra. Isso prova que um esforço sincero e legítimo é capaz de romper a barreira do tempo. Um esforço sincero e legítimo nunca é em vão.

Assim como não tem sido em vão o empenho dos familiares e pacientes de Esclerose Lateral Amiotrófica em comunhão com a comunidade científica que estuda esta doença no Brasil.

A prova disso é que 16 de junho de 2014 foi um dia muito especial para a causa da ELA no Brasil, quase uma odisséia vivida em um dia. Mais uma vez, o esforço sincero e legítimo de tantos foi capaz de romper barreiras. Houve mais do que a conquista da atenção ou intenção do Ministério da Saúde, houve a formalização do comprometimento com a causa da ELA em nosso país.

Em reunião nas dependências da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP, instituição que lançou as bases da Pesquisa Translacional em ELA em 2010, foram negociados e acordados, com o Ministério da Saúde, investimentos imediatos que permitam viabilizar o tratamento experimental com células-tronco em pacientes com ELA no Brasil.

Confira, abaixo, a configuração deste acordo:

- Os pacientes serão encaminhados pelo Hospital São Paulo (UNIFESP) e pelo Hospital das Clínicas da FMUSP e os que participarão do estudo serão indicados pelo Ambulatório de Pesquisa em ELA do HC FMUSP;

- A manipulação das células-tronco adultas ocorrerá no Centro de Tecnologia Celular da PUC-PR;

- O tratamento e as avaliações clínicas serão realizados no Hospital das Clínicas da FMUSP;

- O tipo e origem das células-tronco adultas está sob análise e será definido em breve.


A reunião contou com a presença do Professor Dr. Gerson Chadi (Professor Titular do Departamento de Neurologia da FMUSP e responsável pelo Centro de Pesquisa em Neurorregeneração e Esclerose Lateral Amiotrófica), Professor Dr. Dagoberto Callegaro (Chefe de grupo do Hospital das Clínicas da FMUSP e membro do comitê científico - Latin American Committe For Treatment And Research In Multiple Sclerosis), Professor Dr. Paulo Brofman (Coordenador do Núcleo de Tecnologia Celular da PUC-PR e pertencente à Rede Nacional de Terapia Celular do Ministério da Saúde), Dr. Acary Bulle (Médico da Universidade Federal de São Paulo e membro do comitê assessor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Dra. Jessica Maximino (Pesquisadora Científica e Biologista Molecular do Laboratório de Neurologia Translacional da FMUSP) e do Professor Dr. Antônio Carlos Campos de Carvalho (Diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde e Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Não se pode dizer que este foi o primeiro passo para consolidar as pesquisas sobre ELA no Brasil, porém, sem dúvida, este foi um grande e decisivo momento para fortalecer o esforço sincero e legítimo de todos que lutaram até aqui e continuarão lutando pela causa da ELA no Brasil.